O uso de plantas medicinais teve seu início provavelmente na pré-história. Os homens primitivos, assim como os animais iniciaram as "práticas de saúde", alimentando-se de determinadas plantas, pelo instinto de sobrevivência. Com isto poderiam ter observado determinados efeitos para minimizar suas enfermidades, acumulando conhecimentos empíricos que foram passados de geração para geração. Este instinto foi sendo perdido pelo homem moderno, porém, nos outros animais ainda podemos observar este fato - por exemplo, os animais silvestres e domésticos quando estão doentes, procuram dormir mais e ingerir plantas em busca de remediar o seu estado.
O acúmulo destas informações pelos homens primitivos propiciou o nascimento de uma cultura da arte de curar, que se tornou a base para o nascimento da medicina. Exemplificando, o aparato médico egípcio de 2.500 a.C. era constituído por drogas de procedências diferentes, dentre elas, produtos vegetais, animais e minerais; por volta de 1550 a.C., foram encontrados papiros que relatavam a utilização de 700 fármacos. Toda a história da medicina encontra-se ligada às plantas medicinais, pois somente em 1928, Friedrich Wohler sintetizou a uréia (substância orgânica) à partir de matéria prima inorgânica (cianato de amônio), o que revolucionou o conhecimento da época que concebia que matéria orgânica só poderia ser obtida de vegetais ou animais. Assim, após a síntese da uréia a farmacologia moderna tomou impulso para o rumo atual de elaboração de medicamentos sintéticos. Hoje em dia, vários medicamentos industrializados têm sido desenvolvidos a partir de plantas medicinais, com base nas indicações populares. Como exemplos, podem ser citados ácido acetil-salicílico (AAS), digitálicos, morfina, quinina, atropina, e mais recentemente a artemisinina (um antimalárico isolado de Artemisia annua), vincristina e vimblastina (dois alcalóides isolados de Cataranthus roseus que funcionam como armas eficazes contra a determinadas neuplasias), dentre outros.
A biodiversidade de nossos vegetais constituem uma grande riqueza em potencial para a saúde humana. Apesar disso, somente 1% das espécies vegetais conhecidas da Terra foram estudadas e várias espécies estão desaparecendo do planeta num ritmo sem precedentes, principalmente devido aos desmatamentos intencionais para a agricultura extensiva, extração de madeira, criação de gado, em áreas que antes eram constituídas por vegetação nativa, além do constante aumento do nível de poluição das águas, solos e ar. Com a redução progressiva de grande parte desta biodiversidade, ocorrerá também uma enorme perda científica e econômica, principalmente para os países menos desenvolvidos que são os detentores da maior parte das reservas vegetais do mundo.
Podemos dizer que cada vegetal que apresenta propriedades medicinais é, por analogia, um frasco que contém diversos medicamentos juntos. Como seres vivos, os vegetais produzem substâncias químicas, como também os animais o fazem, e estas substâncias, muitas delas somente sintetizadas pelas plantas, são capazes de causar reações no organismo humano e ajudar a manter a homeostasia, isto é, o equilíbrio necessário para a manutenção de um organismo saudável. É válido ressaltar que substâncias que em princípio podem ser consideradas como terapêuticas também podem causar efeitos indesejados ou tóxicos. Os princípios ativos são os componentes químicos existentes na planta que conferem sua ação terapêutica peculiar. É incorreto pensar que as plantas são benéficas ao organismo humano somente por serem plantas, ou seja, elas devem conter substâncias farmacologicamente ativas (princípios ativos) para que atuem de alguma forma no corpo. Por isso, não há sentido em dizer que os medicamentos sintetizados por vegetais ou aqueles sintetizados pela mão do homem (portanto artificialmente) são diferentes entre si ou que aqueles provindos de plantas são melhores. Na verdade, as substâncias são idênticas, podendo ser menos tóxicas devido às baixas concentrações encontradas nos vegetais ou pela interação direta ou indireta com outras substâncias existentes na planta. A maior parte da população costuma achar que qualquer planta medicinal não causa o menor efeito prejudicial à saúde, dizendo que "é só um chazinho e caso não faça bem, nada de mal fará". Por isso este conceito conferido às preparações como chás e infusões, por exemplo, deve ser revisto, pois se houver ingestão em excesso ou se alguns componentes da planta forem nocivos ao homem, os efeitos indesejados serão exatamente iguais àqueles produzidos por substâncias fabricadas industrialmente e tomadas na forma de comprimidos, cápsulas ou sob outras formas farmacêuticas.
Apesar disso, a fitoterapia atualmente está bastante difundida, principalmente por utilizar fármacos com menor toxicidade (em geral) e menor custo. As plantas medicinais são um poderoso aliado no tratamento de inúmeras enfermidades e tem capital importância na confecção de cosméticos. Estas são razões, que levaram a tendência mundial de substituir gradualmente produtos sintéticos por naturais.
Inicialmente o seu uso no Brasil, foi gerado a partir dos conhecimentos indígenas, dos escravos e imigrantes, se restringindo principalmente ao campo. Com o passar do tempo grande parte da população urbana passou a utilizá-la (praticamente mais de 50% da população faz uso de plantas medicinais como forma terapêutica complementar). Existem vários projetos do Sistema Nacional de Saúde que visam uma maior utilização desta terapêutica, seja contratando médicos fitoterapêutas ou criando pequenas plantações, para uso dos pacientes de certos hospitais. No Brasil, o estudo de plantas medicinais hoje polariza a atenção de equipes multidisciplinares formadas por botânicos, biólogos, bioquímicos, farmacêuticos, médicos, laboratórios fitoquímicos e farmacológicos, centros de pesquisa e instituições governamentais como a CEME (Central deMedicamentos) e o SUS (Serviço Unificado de Saúde). Esse interesse é fruto do incentivo que a Organização Mundial da Saúde deu à partir da reunião de 23 de maio de 1978, quando reconheceu a importância das plantas medicinais e das preparações galênicas na cura do organismo e recomendou a difusão, em nível mundial, dos conhecimentos necessários para o uso das plantas medicinais.
Retirado do site: http://aquimia.vilabol.uol.com.br/plantasmedicinais/page2.html
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